A propósito da recuperação do moinho mais antigo do Porto Santo
- zearaujo1
- 19 de out. de 2021
- 3 min de leitura
Arquivo ACH - 10-7-2021
Caras/os associadas/os e amigas/os
Há um ano, escrevíamos: "Quando for oportuno e seguro, retomaremos algumas das atividades presenciais anteriormente programadas...". Tentámos voltar a promover condicionadamente os nossos percursos pela cidade e pelo campo, mas tarda a retoma "oportuna e segura", consistente e irreversível que todos queremos.
Entretanto, vamos acompanhando nestas ilhas o mundo das "casas com histórias", que se vai alterando rapidamente: tantas agonizam e desaparecem de todo ou apenas mantendo as antigas fachadas para a rua, enquanto outras renascem, reabilitadas. Lamentemos aquelas, celebremos estas.
Do muito que há a lamentar, destacamos a agonia de uma casa especial que assinalámos aqui em 28 de março de 2020, partilhando convosco a maravilhosa história "A Menina Alexandrina" narrada por Maria Lamas que reencaminhamos em anexo, recebida do nosso amigo José Ferreira. E é essa casa d' "A Menina Alexandrina" que com tristeza vemos arruinar-se ano após ano no sítio dos Reis Magos, simbolicamente ladeada por uma velha canoa quase desmantelada, sem que ninguém se aperceba de que já foi farol e esperança para os que andavam no mar.


Reis Magos, Caniço
Do que há a celebrar, registe-se um crescente reconhecimento, ainda insuficiente, de que os imóveis não classificados oficialmente como património cultural também integram a nossa identidade comum e merecem proteção e valorização.
Em 1998, foi criado no âmbito do ICOM (Conselho Internacional dos Museus) o comité temático DEMHIST, abreviatura do francês "demeures historiques", cabendo nesta classificação abrangente tipologias que vão desde castelos e palácios a pequenas casas de habitação ou destinadas a outras finalidades, de todos os períodos.
E aqui se integram também os moinhos, cujo dia se celebra a 7 de abril mas que podem e devem ser estudados, lembrados, e visitados durante todo o ano, como o são vários moinhos na Madeira e no Porto Santo, acessíveis a visitantes. Entre vários textos publicados sobre o tema, lembramos o artigo “Ofícios Tradicionais: Moleiros de Santana”, Islenha, n.º 10, 1992, pp. 108-115, de Lília Mata, que procedeu a um exaustivo trabalho de levantamento dos moinhos do concelho de Santana.

Moinho a Água de São Jorge
Revemo-nos no texto da Rede Portuguesa de Moinhos, em http://www.moinhosdeportugal.org/ws/:
"Portugal precisa como nunca de desenvolver o seu interior e de qualificar as suas cidades. Os nossos moinhos são importantes ativos para o desenvolvimento sustentável, qualificação dos territórios, empreendedorismo ao nível das indústrias criativas e do turismo, por exemplo. Mas também para a construção da designada economia verde e para a qualificação ambiental das regiões e requalificação urbana, não esquecendo as importantes funções educativa, de lazer e de interação e coesão social. No entanto, o seu declínio acentuado pela crise e pelo envelhecimento dos detentores dos saberes tradicionais coloca em risco este importante património"
Por todos estes motivos, aplaudimos o projeto "Recuperação do moinho mais antigo do Porto Santo" e agradecemos mais este contributo do José Ferreira, sempre atento às questões do património madeirense, que nos apela a divulgar e apoiar esta campanha de recolha de fundos (ver abaixo).
Os veraneantes em passeios pela Madeira poderão aproveitar as visitas aos moinhos de água na Vargem - Caniço, em São Jorge, na vereda que liga os Prazeres ao Jardim do Mar e em tantas outras localidades; e no Porto Santo, aos moinhos de vento que ainda resistem ao tempo, em especial a este que hoje assinalamos.
Fiquem bem, com o apelo do José Ferreira, que abaixo partilhamos.
A Direção da Associação Casas com Histórias
Pela recuperação do moinho mais antigo do Porto Santo,
favor divulgar e apoiar a campanha de recolha de fundos:
Ser o moinho mais antigo do Porto Santo, só por si, já seria indicativo de algo único, pelo tempo e pelo lugar. Mas podermos estar ali, no interior daquela construção ancestral de madeiras locais e engenharia sui generis, será um grande desafio, a culminar com o voltar novamente a moer, com suas velas ao vento e, todo aquele mecanismo a movimentar-se libertando seus sons cadenciados e odores inebriantes, levando-nos numa extraordinária cápsula do tempo.
A Joana e o Manu estão a proceder à sua recuperação. Para isso, lançaram uma campanha de recolha de fundos. Visite-a e apoie em:
Cumprimentos,
José Ferreira


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